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Turismo
de Natureza no Alentejo e Ribatejo
22 Novembro 2018 – Quinta Feira
- 10:00h
HOTEL MONTE FILIPE, ALPALHÃO, ALENTEJO,
PORTUGAL
O que é ?
Momento de encontro dos Profissionais de Turismo, numa jornada
de avaliação e discussão de problemáticas
ligadas ao Turismo de Natureza e de Passeios Pedestres no Território
do Alentejo e Ribatejo.
Como participar
A participação é livre e gratuita. Não
necessita de inscrição prévia.
Deverá estar presente no Hotel Monte Filipe, pelas 10:00h
de Quinta Feira 22 de Novembro 2018 para a Sessão de Abertura.
Ao chegar deve preencher ficha de inscrição e assinalar,
caso pretenda Certificado de Participação para efeitos
de currículo.
PROGRAMA
10:00h - Abertura
António Ceia da Silva - Presidente da
Entidade Regional de Turismo do Alentejo Ribatejo
Ana Cecília Carrilho - Presidente da Junta
de Freguesia de Alpalhão
António Lopes - Diretor do Hotel Monte
Filipe
10:30h - Painel da Manhã
A utilização pública
para Turismo de Natureza dos caminhos rurais privados no Alentejo
e Ribatejo
Dominialidade pública e serventia
para caminhadas dos caminhos ancestrais, históricos, naturais
e rurais.
12:30H - Conferência por Rui Laginha
"O Turismo de Natureza será a última oportunidade
para o Homo Sapiens ?"
14:30h - Painel da Tarde
As redes de Percursos Pedestres do Alentejo
e Ribatejo e a promoção integrada a nível
regional e nacional para os mercados interno e externo A
ideia, os mercados, a estruturação, a conceção,
a sinalização, a promoção, a ativação
de marca, a utilização, a avaliação.
PÚBLICO
Está aberto a todas as pessoas, sendo principalmente dirigido
a:
- Presidentes de Câmara, Vereadores com Pelouro do Turismo,
Dirigentes de Entidades de Turismo
- Técnicos Municipais e Regionais de Turismo - Organização,
Estruturação, Promoção, Atendimento
- Empresários de Turismo - Animação, Hotelaria,
Restauração, Transportes, Serviços
- Estudantes de Turismo, nas suas várias áreas
- Técnicos de Passeios Pedestres das áreas profissional,
associativa e socia
- Proprietários Rurais e Pecurários, Rendeiros,
Dirigentes e Técnicos de Associações de Produtores
- Lavradores - Regantes - Caçadores - Utilizadores
- Jornalistas e líderes de opinião
- Interessados na temática da utilização
do mundo rural e dos seus múltiplos recursos.
ORADORES
Sessão de Abertura
PAINEL DA MANHÃ - A utilização
pública para Turismo de Natureza dos caminhos rurais privados
no Alentejo e Ribatejo

Malcolm Hudgson
Trail Manager
National Trails - England & Wales
|

Pedro Beato
Estruturação de Produto
Turismo do Alentejo ERT
|

Carla
Luz
Arquiteta Paisagísta
Câmara Municipal de Mourão
|

Ana Margarida Ferreira
Arquiteta
Câmara Municipal de
Reguengos de Monsaraz |

Marisa Bento
Jurista
Câmara Municipal de
Reguengos de Monsaraz
|

Teresa
Cunha Sardinha
Câmara Municipal de Monforte
|

Patrícia Cutileiro
Câmara Municipal de Monforte
|
Conferência por RUI LAGINHA
" O Turismo de Natureza será a última oportunidade
para o Homo Sapiens ? "

Rui Laginha
Engenheiro e Viajante
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Por um lado cientistas são unânimes que os
sentimentos e vida podem ser descritos como algoritmos e
que inteligência e consciência são níveis
diferentes. Por outro lado os algoritmos externos estão
a crescer a ritmo alucinante, como usados no Google, Facebook,
Amazon, e aprendem por si. Dentro
em breve os algoritmos conhecem-nos melhor que nós
próprios e deixamos que decidam a nossa vida. Podemos
ter um assistente pessoal, um psicólogo e médico
privado, que nos ajuda nas compras, na escolha de parceiro,
na saúde, através de previsão e monitorização.
Por exemplo, baseado em pesquisas na área sobre gripe,
o algoritmo pode-nos informar sobre um risco de gripe na
zona onde circulamos e de que prescrições
médicas podemos necessitar e, qual o stock nas farmácias
próximas. Os algoritmos vão poder determinar
o nosso estado emocional, ritmo cardíaco e outros
dados biométricos e fazer previsões que consideramos
certas, aumentando o nosso grau de confiança reforçando
a nossa dependência. Já perdemos a percepção
espacial devido ao uso de Google maps, perderemos outras
percepções que evoluíram por forma
de algoritmos internos durante milhares de anos. Dentro
em breve significa 5 a 10 anos. Os algoritmos, a informação,
e processamento de dados vão ser os temas do futuro
recente. A pergunta impõe-se: O
Turismo de Natureza será a última oportunidade
para o Homo Sapiens ?
|
PAINEL DA TARDE - As redes de Percursos Pedestres do Alentejo
e Ribatejo e a promoção integrada a nível
regional e nacional para os mercados interno e externo.

António Lacerda
Diretor Executivo
Turismo do Alentejo - Agência
Regional de Promoção Externa
|

Carla
Mocito
Gestora de Produto Turístico
Promoção
Interna
Turismo do Alentejo ERT
|

Ana
Bernardo
Técnica de Turismo
CIM
Alto Alentejo
|

Cristina Carriço
Técnica de Ambiente
Grande Rota do Montado
CIM Alentejo Central
|

João Rolha
Técnico de Turismo
Rede de Percursos Pedestres
Câmara Municipal de Mértola |

Rudolfo Muller
Ideólogo e Empresário
Leading Quality Trails
Rota Vicentina |
Enquadramento dos assuntos a tratar
-
A utilização pública para Turismo de Natureza
dos caminhos rurais privados no Alentejo e Ribatejo
Dominialidade pública e serventia para caminhadas
dos caminhos ancestrais, históricos, naturais e rurais.
O Turismo de Natureza é, como o nome indica, uma forma de
lazer praticada em zonas naturais, sejam elas com estatutos de conservação
ou zonas rurais, agrícolas e florestais. Os passeios pedestres
ou caminhadas e os passeios de bicicleta são as atividades
mais comuns de usufruto destes locais, sendo que as atividades de
observação de aves, de insectos e de flora estão
a ficar cada vez mais populares. Na observação de
natureza há também uma procura crescente para a atividade
de fotografia e vídeo como puro lazer e divertimento em espaços
naturais e florestais.
Os territórios de Portugal são muito diversificados
no seu ordenamento, sendo o Norte e o Centro do país caracterizados
por um tipo de propriedade onde o acesso e a circulação
têm algumas facilidades. Tratam-se muitas vezes de amplas
zonas de floresta, com caminhos de livre acesso, outras vezes de
micro propriedades com caminhos entre as fronteiras de cada proprietário
e algumas vezes terrenos de utilização comunitária,
chamados de “baldios”, onde se processa sem problema
a livre circulação.
Acontece que a sul de Portugal, principalmente nos territórios
do Alentejo e Ribatejo a situação é diferente.
Historicamente, estes territórios foram cruzados por diversas
vias de comunicação, com um inicio bem definido no
Império Romano com as estradas que ligavam cidades, centros
mineiros, portos, santuários e as villas habitacionais e
agrícolas, os antecessores dos Montes Alentejanos. Mais tarde
foram definidas redes viárias medievais que assentavam sobre
as primitivas romanas ou criaram novos itinerários, ligando
castelos, praças fortes, cidades e vilas, pequenos coutos
mineiros, capelas e ermidas, conventos e mosteiros e sempre, mas
sempre, as habitações isoladas em núcleos de
aldeias ou pequenos povoados.
Com o fim das ordem religiosas em meados do século XIX seguiu-se
a apropriação pública da propriedade e quase
de seguida a sua venda a privados, a maioria homens ligados ao sucesso
do liberalismo e à nova ordem que reinava em Portugal. As
propriedades eram normalmente enormes, da ordem das centenas de
hectares, com tendência a tornarem-se cada vez maiores com
os casamentos entre filhos e filhas de grandes proprietários.
Há, no entanto, dois fatores que permitem durante bastante
tempo a livre circulação de pessoas por muitos destes
terrenos privados.
Por um lado a existência de um sem fim de habitações
com gente a viver em permanência, espalhadas por todo o território,
desde casas isoladas, pequenos aglomerados chamados “Montes”,
pequenas povoações de origem diversa, aldeias e até
vilas. O acesso dos seus habitantes, normalmente a pé ou
em tração animal, fazia-se pelos caminhos mais curtos
ou mais fáceis, mantendo a rede de caminhos bem definida.
Também o tipo de utilização dos solos, com
largos campos de cultivo de cereal de sequeiro, enormes manchas
de montado de sobro e azinho e grandes superfícies de floresta
natural e mato, em zonas mais pobres do pontos de vista agrícola
mas importantes locais de reserva animal, muitas vezes com importância
cinegética, mantinham livre acesso a quem circulava pelos
campos.
A partir do início dos anos 80 do século XX, os território
do Alentejo e Ribatejo começam a sofrer transformações
diversas, tendo vindo a crescer a passos largos o fenómeno
de colocação de vedações e portões
em praticamente todo o território. Várias são
as explicações e argumentos. Mudaram os tipos de cultura,
muitos dos terrenos são pasto de gado em liberdade, equipamentos
de rega precisam de estar guardados, os caminhos ancestrais deixaram
de ter utilidade pela construção de modernas vias
de comunicação, as “montes alentejanos”
e até pequenos povoados estão desertos de pessoas.
Há também uma questão conceptual, de uma importância
gigantesca, relativamente aos direitos sobre o território,
espaço que durante séculos teve poucos e poderosos
proprietários e um sem número de habitantes sem qualquer
direito sobre a terra. Os movimentos de ocupação de
propriedades, entre 1974 e meados dos anos 80, deixaram marcas profundas
de vontade proibicionista no acesso ao território. Mais recentemente
apareceu uma nova situação igualmente complexa que
é a propriedade de grandes grupos internacionais, muitas
vezes sem rosto proprietário e com a ligação
contínua de propriedades, que já eram muito grandes
e agora se tornam imensas.
Em todo este processo há também uma responsabilidade
pública, de câmaras municipais que não classificaram
as suas vias de comunicação histórias, que
deixaram abandonar caminhos municipais por terem novas vias rodoviárias,
que não vislumbraram a importância de tais caminhos
para um direito universal que não pode ser alienado: o Direito
à Paisagem. Também os chamados caminhos vicinais,
isto é caminhos particulares, ou que, originariamente particulares,
tornam-se posteriormente de domínio público e ligando
povoações próximas, foram paulatinamente abandonados
da responsabilidade das juntas de freguesia por evidente falta de
meios de conservação e de interesse dos seus responsáveis
para as novas utilizações de proteção
civil, segurança e lazer.
Os novos tempos definem que territórios do interior, de baixa
ocupação humana, com problemas de fixação
de investimentos variados e com elevados níveis de preservação
e autenticidade são destinos privilegiados para a pratica
de passeios pedestres e caminhadas, passeios de bicicleta e cavalo,
atividades náuticas e genericamente de turismo de natureza.
Isso mesmo definem estrategicamente as autoridades nacional, regional
e locais ligadas à estruturação do produto
turístico e à sua promoção e venda,
mas sem território para percorrer não há desenvolvimento
deste turismo.
Importante referir que todas estas praticas de turismo são
perfeitamente compatíveis com a manutenção
do direito proprietário sobre os terrenos, sobre a prática
agrícola e florestal e sobre a salvaguarda de bens aí
existentes. O atravessamento de propriedades fez-se desde sempre
por exploradores, cientistas, militares, caçadores, peregrinos,
religiosos e viajantes. Estas passagens foram até, muitas
vezes, garante de segurança suplementar aos território
atravessados.
Para que esta realidade regresse e se coloque de forma harmoniosa
entre todas as partes é necessário falar, refletir,
tomar decisões e agir de forma a garantir a “A utilização
pública para Turismo de Natureza dos caminhos rurais privados
no Alentejo e Ribatejo”.
-
As redes de Percursos Pedestres do Alentejo e Ribatejo e a promoção
integrada a nível regional e nacional para os mercados interno
e externo.
A ideia, os mercados, a estruturação,
a conceção, a sinalização, a promoção,
a ativação de marca, a utilização, a
avaliação.
O território
do Alentejo e Ribatejo vivem um momento de importante estruturação
de redes de Percursos Pedestres, com diferentes projetos a vários
níveis de desenvolvimento. Foi no Alentejo, em Grândola
no ano de 1997, que foi implantada a primeira Pequena Rota Pedestre
denominada Rota da Serra que ainda hoje se mantém em funcionamento.
Durante
os quinze anos seguintes, os projetos de Percursos Pedestres Sinalizados
limitaram-se a iniciativas municipais, com mais ou menos rotas,
mas sem uma visão global de território. Destacam-se
neste trabalho os municípios de Nisa e de Mértola
que conseguiram ter, não só uma rede de percursos
como também, uma dinâmica regular de promoção
de caminhadas tanto para residentes como para caminheiros vindos
do exterior. Outras autarquias também sinalizaram e editaram
informação sobre percursos pedestres, mas nunca conseguiram
uma visibilidade que passasse as suas fronteiras territoriais.
Muitos
destes projetos foram sempre entendidos pelos autarcas promotores
como “qualquer coisa ligada ao desporto” e por isso
a este setor se associou esta atividade. Andar a pé promove
o exercício físico, mas um Passeio Pedestre não
é apenas isso. Trata-se um produto turístico de elevado
potencial, que deve chamar ao território uma permanência
turística geradora de riqueza na economia local. A baixa
utilização destas infraestruturas condicionou o abandono
das mesmas, com a vegetação a tomar conta de trilhos,
as sinalizações a desaparecerem e os folhetos informativos
a esgotarem-se.
Em
muitos casos foi gasto imenso dinheiro em sinaléticas artificiais
intensas que rapidamente foram vandalizadas, roubadas ou destruídas
pelos elementos naturais. Indicador sério de falta de direcionamento
turístico deste recurso foi a utilização exclusiva
de informações em idioma português. Não
havia uma visão estratégica e profissional sobre o
Turismo de Passeios Pedestres.
O Sudoeste
Alentejano viu aparecer em 2013 aquele que é hoje considerado
um caso raro de boas práticas de implantação
de uma Rede de Percursos Pedestres chamado “Rota Vicentina”.
Tratou-se de uma iniciativa de uma associação privada
de alojamentos que evolui para uma estrutura associativa transversal
ao sector do turismo e que hoje se afirma como gestora turística
territorial, sempre em cima da marca caminhadas. Os resultados de
uma promoção muito ativa e musculada são visíveis
no número de caminheiros bem como na visibilidade promocional
na comunicação social e operação turística
de todo o mundo.
Pouco
tempo depois o Alto Alentejo vê aparecer a Rede de Percursos
Pedestres “Alentejo Feel Nature”, da iniciativa da CIMAA
Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo, com um modelo algo diferente,
em que estruturalmente não há uma relação
conjuntiva dos percursos, mas sim o início de implantação
de elevada qualidade dos recursos espalhados por um conjunto alargado
de municípios. Esta oferta teve associada uma linha de imagem
forte e comum, apostando dinamicamente na vertente promocional,
editando informação em diversos idiomas, promovendo
ativação de marca e tentando atrair novos públicos
turísticos a este território. Os resultados ainda
são difíceis de avaliar, com grandes diferenças
de utilização dos vários percursos da rede.
O modelo de implantação deste projeto baseia-se na
iniciativa municipal criando por isso situações diferenciadas
de concelho para concelho.
No
território do Alqueva foi criada uma experiência piloto
denominada TransAlentejo Alqueva, uma iniciativa da Entidade Regional
de Turismo, onde se selecionou um Percurso Pedestre em cada um de
onze concelhos que se situam nas imediações do Grande
Lago e linhas de água a este ligadas. Com orçamento
muito limitado foi possível infraestruturar estas rotas,
com edição de guia impresso de características
inovadoras. O sucesso do projeto fez avançar, com trabalhos
a decorrer neste momento, a mesma marca para o restante território
do Alentejo, para se afirmar que a seleção destes
47 percursos, um por concelho, são seguramente as melhores
escolhas a nível da prática das caminhadas. O Ribatejo
tem uma infraestruturação idêntica para os 11
concelhos da Lezíria do Tejo.
Estão
a decorrer os trabalhos de infraestruturação dos Caminhos
de Santiago e Caminhos de Fátima, nos território do
Alentejo e Ribatejo.
As
escalas de todos estes trabalhos não minimizam a importância
das Redes Municipais de Percursos Pedestres, que têm agora
de ganhar novo fôlego, fazendo uma estruturação
ou renovação, pensando nos recursos turísticos
locais. Um rede de percursos pedestres em que as distâncias
entre eles sejam minimizadas é fator determinante para atrair
públicos com várias noites de alojamento e consumo
de serviços de turismo, ao contrário dos passantes
rápidos das grande rotas.
A segunda
metade desta década marca um ponto de viragem no Turismo
de Natureza e Passeios Pedestres no Alentejo e Ribatejo.
É preciso uma coordenação perfeita entre toda
a fileira deste produto turístico, transformando este território
num destino de referência para caminhadas a nível mundial.
Citando o título do fabuloso livro de Claude Allègre
“ Da Pedra à Estrela”, fazendo uma ponte com
o seu conteúdo, é necessário que estruturação
de produto e a promoção estejam intimamente ligadas,
tal como a estudo da Terra (estruturação) tem de estar
ligado ao estudo do Universo (promoção).